terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Maquiavel


Apresentou a lógica real da política, despida da moral demagógica. Tinha conhecimento e admiração pelos filósofos clássicos, mas teve que discordar deles a partir de suas experiências como homem de Estado.
Após ter sido afastado de seu cargo, dedica sua obra-prima (O Príncipe) ao ditador Lorenzo de Medici, talvez na esperança de voltar à ativa.

O Príncipe:
Escrito no contexto renascentista (antropocentrismo). Nesse período, a invenção da imprensa potencializou e democratizou o conhecimento. O homem político descrito no livro não tem medo de castigos divinos (não submisso à ordem teológica). Busca ensinar como conquistar e manter Estados com estabilidade. Na busca pela estabilidade do Estado, põe a eficácia acima da moral, ética ou justiça. Inaugura a era do realismo político. Lança mão dos conceitos do classicismo: Virtu e Fortuna.

Virtu: Qualidades que um bom governante deve ter (subverte o padrão).
Fortuna: Na antigüidade era sinônimo de sorte. Para Maquiavel representa o acaso (sorte ou azar) e depende da atitude do governante (bom uso da Virtu).

Existiam vários autores que prescreviam a boa forma de governar. Todos se baseavam na moral preconizada pelos filósofos clássicos. Maquiavel subverte este padrão.

Moralidade Clássica:
- Sabedoria
- Justiça
- Coragem
- Temperança

Agregados na época de Maquiavel (provenientes do cristianismo):
- Honradez
- Magnanimidade
- Liberalidade
- Moralidade

Maquiavel não enumera suas prescrições para o príncipe, mas discorda veementemente do padrão.

Defende:
Flexibilização da moral de acordo com a necessidade.
Distanciamento das idéias de bondade e justiça incondicionais já que, para ele, os homens são sórdidos.
A Virtu é como diques e barreias que impedem que chuvas (Fortuna=Acaso) destruam tudo. A Virtu é a contenção dos caprichos da fortuna. Para domar a fortuna é melhor ser impetuoso que prudente.
Existe uma enorme distância entre o como se vive e o como se deveria viver, mas quem resolve trocar um pelo outro está fadado à ruína.
Os homens são: ingratos, volúveis, dissimulados, simuladores, invejosos, ambiciosos e maldosos.
Para o príncipe é melhor ser temido do que amado.
A natureza humana inviabiliza uma sociedade baseada em preceitos cristãos. Para que fosse possível, a humanidade teria que ser muito diferente do que sempre foi.
Não era um sádico que pregava o prazer em ser cruel, mas sim alguém que buscava entender a natureza humana afim de criar estados estáveis.
Aconselhava o estudo da história para que se pudesse ver como age a humanidade em cada situação. Imitar os que tiveram sucesso.
O conquistador deve fazer todas as ofensas necessárias de uma só vez, se fizer aos poucos (devagar e sempre) nunca poderá confiar em seus súditos.
Boas leis e boas armas são essenciais à estabilidade.
Os príncipes que pensam mais em refinamentos e menos na guerra perdem suas posições.
O príncipe deve ser parcimonioso em seus gastos para não sobrecarregar o povo com impostos. Deve temer pouco incorrer na fama de miserável porque este é um vício que lhe permite governar.
É justificável que um príncipe volte atrás numa palavra dada, já que homens são sórdidos por natureza. Porém é preciso parecer bom!

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